sábado, 27 de agosto de 2011

GRUPO DA CNB LANÇA MANIFESTO DE FORTALECIMENTO DO PROJETO ESTRATÉGICO DO PT

A deputada Teresa Leitão e o ex-presidente estadual da sigla, Jorge Perez, abriram dissidência na Construindo um Novo Brasil, comandada pelo senador Humberto Costa. Os dois oficializaram o afastamento por discordar dos rumos da CNB no estado e receberam o apoio de mais de 100 petistas, espalhados entre a capital e o interior. Para eles, o PT está se afastando dos movimentos sociais e virando um partido de caciques.

A dissidência foi consolidada por meio do lançamento do manifesto Fortalecer o projeto estratégico do PT, ontem, dia 26/08, às 19 horas, no CENTRO SOCIAL DA SOLEDADE - Boa Vista. O documento traz a assinatura de 113 petistas e questiona pontos como política de alianças baseada no “adesismo”, falta de diálogo interno, ausência de estratégia eleitoral e personificação da legenda. “Quero fazer uma pergunta a vocês, jornalistas: quando vocês escrevem sobre o PT, vocês não dizem ‘o PT de Humberto e o PT de João Paulo?’ Pois bem, nós queremos que o PT seja de todos”, declarou Teresa.

Segundo Jorge Perez e Teresa Leitão, não houve um motivo específico para o afastamento. Ambos contam que vêm sentindo desconforto há mais de um ano, quando começaram a externar posições em conversas reservadas e nunca foram ouvidos. “Levantei muitos debates que morreram”, protestou.

Perez exemplicou as repreensões que recebeu por críticas que fez ao PSB via Twitter, uma das redes sociais da internet. Para ele, há posições que o PT precisa externar para deixar seu projeto político claro. “O problema não é relação com o governador Eduardo Campos (PSB). Agora, nós fazemos parte de uma coalizão e o PT, nesta coalizão, não está se manifestando com clareza”. “Até o roteiro do PT no estado está parecido com o de outros partidos, como a Agenda 40 do PSB”, acrescentou a deputada.

Teresa Leitão, por sua vez, disse que não é possível o partido continuar impondo alianças sem discussão. Ela citou os exemplos de Olinda, Paulista, Camaragibe, Jaboatão e Moreno, lugares onde o partido tem potencial de crescimento. “Não diria assim: que o partido tem coronel. Mas deixou a prática coletiva, estamos fulanizando o PT”, alfinetou. A deputada completou que “não há um movimento contra o senador”, mas ressaltou que, antes do afastamento, conversou com ele e não recebeu respaldo. “Não encontramos espaço e perdemos a disputa interna”, disse Tereza.

O senador Humberto Costa preferiu não falar sobre o assunto. Quem defendeu a CNB foi o secretário de Saúde municipal, Gustavo Couto. Em linhas gerais, ele disse achar “estranho” o argumento utilizado pelos dissidentes, até porque Jorge Perez era presidente estadual do PT há uns seis meses. Couto frisou, no entanto, que a tendência majoritária irá respeitar a decisão tomada pelos correligionários.

Humberto negou, através de nota, ter descartado a possibilidade de João Paulo concorrer à Prefeitura do Recife, como se ventilou. Ele assegurou que não teve nenhum contato com a direção do PT nacional para discutir as eleições municipais.

Pontos do manifesto apresentado ontem:
Contra o rolo-compressor

“Aliança política se faz com programa, com transparência e sem adesismo (….)”

Apoio a Dilma


O projeto político do PT vive uma nova fase com a eleição de Dilma. Após oito anos do bem-sucedido governo Lula, é hora de aprofundar as mudanças.

Militância na prática

É preciso manter o partido organizado, estreitar a relação com os movimentos sociais, mobilizar os seus mandatários, militantes e dirigentes para numa ação articulada, garantir o apoio e à sustentabilidade política à presidente Dilma.

Abaixo o caciquismo

O projeto estratégico a ser implementando precisa favorecer o diálogo e o fortalecimento do partido, bem como superar métodos individualistas hoje cultuados dentro da tendência majoritária (a CNB).

Esta matéria foi publicada hoje no jornal o Diário de Pernambuco, com o título: PT amarga novo racha na legenda. As manchetes tentam ser fortes e polêmicas para atrair o interesse dos leitores, é compreensível. Pela lógica, quanto mais se divide, menores ficam as partes e menos forças se tem. Por outro lado, quanto mais se une, mais se fortalece.
Entretanto, pelo que se apresenta, este é um manifesto que procura resgatar a essência do partido, buscando o fortalecimento da sua identidade, razão pela qual adotamos uma manchete diferente para a matéria.

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